Diretora, produtora e roteirista. Nascida em São Paulo, Laís Bodanzky é filha do cineasta Jorge Bodanzky – que entre outros filmes dirigiu o clássico Iracema – Uma Transa Amazônica (1974). Antes de seguir os passos do pai na realização cinematográfica, ela teve aulas de atuação e se formou em Cinema pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). As suas primeiras experiências atrás das câmeras foram com pequenas produções, como Desliga esse Troço (1993), e o curta-metragem Cartão Vermelho (1994), em que narra a história de uma garota vidrada em futebol que anda com um grupo de meninos, e acaba por entrar em uma jornada de descoberta com seu corpo e sexualidade.
Em 1996, Laís se juntou ao sócio e roteirista Luiz Bolognesi, e desenvolveram o Cine Mambembe, onde viajaram pelo interior do Brasil, exibindo curtas brasileiros em praças públicas. Essa viagem gerou um documentário, intitulado Cine Mambembe – O Cinema descobre o Brasil (1998). Mas é o projeto seguinte, Bicho de Sete Cabeças (2001), seu primeiro longa de ficção, que estabelece Bodanzky como uma cineasta autoral e madura em um drama que promove um dos mais intensos estudos de personagens nas últimas décadas, em que um jovem é colocado contra a vontade em um manicômio. A produção recebeu diversos prêmios e se transformou numa carta de princípios da diretora, que vai desenvolver seu trabalho com olhar particular as relações interpessoais, de diferentes faixas etárias, a partir de dramas universais.
Em março de 2011, Bodanzsky respondeu ao crítico Carlos Alberto Mattos sobre os seus Faróis no cinema para a revista Filme Cultura: “Quando assisti ao documentário ‘Apocalipse de um Cineasta/Hearts of Darkness: a Filmmaker’s Apocalypse’ (1991), vi no experiente Coppola a crise da criação e, mesmo ainda amadora na profissão, eu me identifiquei profundamente com a dor dele e pensei com meus botões ‘será que eu vou aguentar esta vida?’. E não deu outra, no meu terceiro longa (As Melhores Coisas do Mundo) a dor da criação é a mesma”.
Laís também aprendeu a fazer filmes exibindo filmes no projeto social intitulado Cine Tela Brasil, que exibiu, durante anos, obras, de maneira gratuita, em diversas cidades brasileiras. O programa itinerante levou mais de um milhão de pessoas ao cinema, a maioria pela primeira vez, fomentando a sétima arte nacional e formando espectadores.
Filmografia selecionada
A Viagem de Pedro (2019)
Como Nossos Pais (2017)
As Melhores Coisas do Mundo (2010)
Chega de Saudade (2007)
Bicho de Sete Cabeças (2001)
Cartão Vermelho (1994)
//Filmes Faróis
Iracema – Uma Transa Amazônica (1974), de Jorge Bodanzky e Orlando Senna
Este filme quanto mais assisto mais me surpreendo pela ousadia da linguagem e pela temática (infelizmente) atual. Lembro-me do filme sendo projetado na parede de casa e seguido de intensos debates; eu era muito pequena e não entedia sobre o que falavam, mas me parecia importante. (N.R. Laís é filha de Jorge Bodanzky).
- A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral
Cinema de verdade, sobre a verdade, com muita ficção. Sem dúvida, este filme influenciou o meu cinema, principalmente Bicho de Sete Cabeças.
- La Boum – No Tempo dos Namorados (La Boum, 1980), de Claude Pinoteau
Um filme francês que assisti quando tinha 13 anos que me colocou adolescente na tela e me fez rir de mim mesma.
- A Família (La Famiglia, 1987), de Ettore Scola
Scola é o pai que acolhe todos os seus personagens, sem esquecer-se de nenhum e com o mesmo carinho por todos.
- Meu Gato Sumiu (Chacun Cherche son Chat, 1996), de Cédric Klapisch
Outro francês que me despertou para o cinema de busca das personagens.
- Trainspotting: Sem Limites (Trainspotting, 1996), de Danny Boyle
Para suportar a barra pesada, só sendo pop.
- O Ilusionista (De Illusionist, 1983), de Jos Stelling
Um dia vou fazer um filme assim. (N.R. Um filme de pantomima, sem diálogos)